Por Germano Xavier
Noticiaremos, em primeira mão, que
há mil maneiras de amar, e só
uma para chegarmos à felicidade:
amando.
Noticiaremos que a Vida,
esta invisível ponte de aço e pétalas,
precisa, para ser desfrutada,
de passadas simples, não simplificadas.
Noticiaremos que guerras existem
porque ainda há
crianças sem infância.
Será notícia o dia em que todas
as pessoas resolverem ir
descalçadas para o trabalho, saboreando
a delícia da proximidade do corpo
com este deus: a Terra. E o dia
que essa prática virar lei.
E, também, o dia em que não mais
necessitarmos de leis para viver.
Noticiaremos, em grande manchete, a existência
da inexistência de raças, posto
que uma só há, única: a humana.
Portanto, iguais.
Iremos, in loco, reportar sobre a beleza
das coisas,
de todas as coisas.
E agradecer por elas, intimamente.
Noticiaremos os raios solunares, as carícias
dos ventos, o perfume dos rocios,
o gosto de tudo, os beijos, os pássaros,
as paixões, as dores, as lástimas, os
cantos, as músicas e o arrependimento por jamais
termos sido honestos, ao ponto de mentirmos a
nós mesmos.
Ao vivo, levaremos a esperança, principalmente
no homem,
trazida sem preocupação ou pressa.
Todas as matérias serão escritas com a alma,
pois só a alma não mente.
Nada de sensacionalismo;
somente o mínimo, o irredutível,
o impagável.
Faremos contato com as nossas mais puras
personagens. A verdade é uma delas.
Como critérios de noticiabilidade, daremos
ênfase a tudo aquilo que for singelo e natural.
Destacaremos o avesso da utilidade mecânica,
a desimportância do instituído.
Redigiremos artigos poéticos, da mais bela poesia.
(Será descartado textos escritos em outro gênero).
Faremos anotações sobre o Tempo.
Registraremos o silêncio.
Contaremos a história mais viva,
utilizando todos os recursos disponíveis,
como a sensibilidade, o apreço e a solidariedade.
E, por fim, conceberemos,
sem pecado nem culpa,
a mais fina e delicada das palavras:
liberdade.