Por Germano Xavier
De pai pernambucano e já com oito anos morando na Caruaru agrestina, tenho me preocupado em ler e escrever um pouco acerca da produção atual da literatura em Pernambuco. Em uma edição da Feneagreste, em conversa por lá entre-stands com o amigo das letras Thiago Medeiros, promotor do Coletivo Letras em Barro, que agita o cenário cultural caruaruense, fui instado a levar para casa alguns livros da Editora Cepe, entre eles o DAS TRIPAS CORAÇÃO, livro de contos de Ezter Liu, vencedor do V Prêmio Pernambuco de Literatura em 2017 na categoria.
Talvez o ponto mais proeminente da referida obra seja mesmo o da unificação da paisagem narrativa interna e externa à temática feminina, mesmo que essa unificação não signifique restrições a quaisquer outros assuntos. Aliás, a diversidade de eventos é palco para as dezoito narrativas curtas da autora.
DAS TRIPAS CORAÇÃO é um livro sobre mulheres, para mulheres e para homens, contra e a favor de tantas coisas que nos interessam na atualidade. Em suas páginas, a mulher é reiteradamente posicionada como entidade, como humana, como iluminadora de escuros, como inquisidora, como requerente, como matéria explosiva...
A mulher em Ezter Liu é aquela que sempre está a desafiar a ordem. Mas não somente a mulher que verbaliza isto, mas a que pratica, a que age, a que interfere no que porventura esteja estabelecido, tamanha a sua conscientização e a sua sanha. A costura é simples. O tecido também. O resultado é, no mínimo, um livro justo.
Imagem: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/literatura/noticia/2018/04/24/a-literatura-sem-virgulas-e-sem-amenidades-de-ezter-liu-336578.php
Nenhum comentário:
Postar um comentário