domingo, 27 de junho de 2021

Poemas estranhos e estrangeiros (Parte X)


 

Por Germano Xavier


Aromas do Norte


Haia, a terceira via holandesa,

apareceu como quem não queria nada. Foi apenas

um pouso, verdade seja dita. Fluido. 


Sede governamental sem ser, ela, 

a capital. Aqui é onde mora o Rei. E ele não está nu.


Admirei o Binnenhof, um dos prédios da Corte.

Mas, por um instante, senti um estranho cansaço. 


A Europa, por vezes, e em determinadas partes 

de seu território, parece ser um grande bloco-uno, 

em diversos aspectos, e este fato 

também pode ser percebido na arquitetura,

no paisagismo, sem grandes dificuldades.


Driblei turistas e tomei o rumo de um mercado

que havia avistado do outro lado da rua. 

Ali, dentro do estabelecimento,

tomei o suco de laranja mais laranja da minha vida,

observei um Canta LX e pensei em toda uma problemática urbanóide.


todavia, não foram os minicarros nem os vistosos prédios

dos diferentes tribunais mundiais espalhados pela cidade

que mais me chamaram a atenção. havia algo

que tomava conta daquele dia.


um cheiro se aprofundava em meu organismo.


era o Mar do Norte, vivo no horizonte oeste.

bucaneiros sabem quando as abissais águas do mundo

dançam sob os astros.


(Manhã de 15 de junho de 2017)


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