Por Germano Xavier
Braga é o homem do acontecido e inicia o discurso:
- Quanta saudade, Helena!
- Imaginei que estes hematomas te impediriam de enxergar a realidade inconsciente que você produziu.
- Como assim, inconsciente? Eu estava sob o efeito do álcool, não havia um gole sequer de consciência naquele meu gesto.
- Rá, rá, rá! Ah, não?!
- O que tem de engraçado nisso, Helena?
- É que os sinais de uma consciência, plena e madura, não florescem nos instantes mais precisos, não acha?
- Qual a razão para tanta ironia?
- Você sabe...
- Fale! Continue!
-Continuar o quê?
- Diga porquê eu não lhe devo matar.
- Se você me odeia, mate-me.
- Eu te odeio porque te amo. O ódio é o amor em excesso, sabia?!
- Rá, rá, rá... não me faça rir, por favor.
- Amar também é ser fiel a quem nos trai, eu te perdoo, juro.
- Nelson Rodrigues deve estar se pocando de rir... quem está com o punhal não é você, por que você não me mata logo?!
- E quem disse que este punhal é pra você?
- Se não é pra mim, é pra quem?
- Lentamente este punhal irá retalhar um coração despedaçado.
- O que é isso?
- Adeus, Helena.
- Não, não, não... filho da puta, você não merece isso... se matar por mim... desgraçado, covarde!
Me dá essa desgraça, eu vou também...
Um comentário:
Crédito da imagem:
":: Twilight Empyrean -IV- :: by *nexion"
Deviantart
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