Por Germano Xavier
Meus enfeites adquiro com a angústia
do momento. E se não são enfeites os meus
enfeites, chamem-vos de dessorrisos.
Se azul ou se vermelho, branco ou cores mortas,
minha vida no preto é mais sentida.
Manhã que não termina no cerzir diário
da família estranha (sensação de não estar aqui).
Sinceras como o silêncio desencantado de um pássaro
estão minhas adornações imprevistas –
seguem minhas não-sim-vontades,
e me lançam contra o que quase-não-sou.
Meus enfeites adquiro com a ruína inconsciente,
e apelo para minhas escondidas naturezas
em orações epifânicas de ares traiçoeiros:
a ausência, Senhor, que cor?
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