Por Germano Xavier
O dia 14 de março sempre foi, para mim, um dia de muita reflexão, mesmo quando precisei viver o dia e acabei não tendo o tempo necessário para fazer este valioso exercício. Muito mais do que um dia comum, o dia destinado à poesia aqui neste Brasil cheio de brasis sempre me colocou diante de um muro repleto de preocupações e lampejos de alma. Desde muito novo comecei a escrever, isso é uma verdade. Escrevi em caderninhos com capas escolhidas à dedo que até hoje guardo com muito esmero em minhas prateleiras entupidas de livros, escrevi em cadernos maiores, em folhas de ofício coloridas, em máquinas de escrever e também em computadores de mesa. Hoje, no auge de meus 28 anos, conto em meus arquivos muito mais de 1.000 poemas, ou melhor, bem mais de 1.000 tentativas de escrever um poema que fosse, de verdade, "um poema", daqueles que podem servir para salvar uma alma qualquer ou simplesmente ficar guardado na memória de outrem. Enfim, nestes meus mais de 15 anos tentando a poesia, eu realmente escrevi. E escrevi poemas, antes de qualquer outro gênero, em minhas mais gerais tentativas.
Foi por volta de meus 15 anos de idade, morando na cidade de Irecê-BA, que me descobri poeta, ou melhor, um fazedor de versos. Não gosto muito de carregar nas costas esta alcunha tão incerta e desmembrada nos dias atuais. Depois de uma aula de Literatura no colégio onde estudava, algo aconteceu por dentro de mim. Falo sério. Os anos vindouros seriam de tal modo a mim apresentados, incluindo em meus dias altas doses de poesia, lida ou escrita. As suspeitas foram se configurando em verdades aos poucos, com o justo passar do tempo. Um sarau aqui, outro poema lido em público acolá... e logo começariam a me chamar "poeta" pelos corredores da faculdade de Jornalismo, na tão poética Juazeiro da Bahia. Na área da faculdade petrolinense de Letras, outro curso que fiz, a coisa seria ainda mais contagiante e, por que não dizer, perigosa.
Todavia, deixemos estas questões particulares de lado. Este texto não é para contar a minha história com a poesia - já contei isto em outros textos já publicados nesta rede mundial de computadores e continuo contando a cada poema que escrevo. Este texto é antes um chamamento, um convite, já que não acredito em seres humanos sem poesia. Não acredito em nada sendo feito sem poesia. Não acredito em cidades em cujas ruas não trafeguem poesia. Não acredito em fomes sem poesia. Não acredito em salas de aula sem poesia. Não acredito em dores sem poesia. Não acredito em mulheres sem poesia. Nem em sedes, nem em rotas, nem em gestos sem poesia. Não acredito no mundo sem poesia. Existem homens que nascem com poesia, do mesmo modo que existem homens que nasceram com dois olhos. A poesia é uma transferência, ela vai e volta, entra e sai, corre e para. Não nasci com ela, mas a quis junto a mim. A maioria das pessoas ainda não conheceu a magia da poesia, estas são menos humanas por isso. Estas pessoas precisam conhecer a poesia, porque senão morrerão com suas almas paupérrimas.
Poesia é mistério sagrado e completamente utilizável por cada um dos habitantes deste globo terrestre. Enganado está aquele que pensa que poesia não serve para nada. Pode parecer bobagem, mas o mundo está como está porque falta muita poesia em tudo. Falta poesia nas mãos dos homens. Falta poesia nos globos oculares dos homens. Falta poesia nas palavras dos homens. Falta poesia até naquilo em que intitulam poesia. Poesia é magma, é arco de triunfos, combustível sem volatilidade. Meu amigo, minha amiga, não deixemos, nós, e jamais!, que a poesia perca o sentido e a direção de nossas vidas. Encaminhe-se nela, com urgência, por favor!
4 comentários:
Crédito da imagem:
"http://earational.deviantart.com/art/Sun-also-draws-121518067"
Deviantart
Oi (:
Sei que é um pouco chato, mas não custa nada... Gostaria de lhe convidar para seguir/ler meu blog: www.outonoapatico.blogspot.com.br
Estou começando agora e, para mim, sua colaboração será muito importante!
Obrigada.
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