quarta-feira, 19 de junho de 2013

O quarto caudaloso e um cômodo perdido


Por Germano Xavier

I

conheço-me bem,
mas, mesmo de mim sabendo,
sigo me estudando...

II

meus livros tombados
dormem. não sabem, nos sonhos
seus, que estou a ver.

III

embaixo da cama
mora um dragão. de noite
ele cospe estrelas.

IV

quando a luz quero eu
apagar, acendo a lua
da minha janela.

V

enquanto eu durmo,
os anjos varrem com asas
a poeira estelar...

2 comentários:

Dauri Batisti disse...

Estas coisas que se diz com poucas palavras nos exercitam na renúncia das muitas palavras. Nos abarrotamos delas, das desnecessárias especialmente. Bem disse alguém que a arte de escrever consiste em cortar. Ah, sei lá, talvez seja colher, a arte. Ando por um campo abundante e recolho algumas, sem desprezar as outras, apenas renucio a elas. Renucio até que elas retornem e se conformem ao meu coração - que será outro - de outro jeito. Mas, para todo efeito, poucas palavras, muita elegância:haicais.

Ana Lucia Sorrentino disse...

Que doçura, Germano... amei. :)