quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O órgão da noite de ontem

Imagem: Deviantart
Por Germano Xavier

as pessoas estão dormindo
ou simplesmente fecharam as cortinas
os apartamentos estão escuros
e o amor está na ânsia adormecida
desatinado e sem emprego justo
perdido em sua própria técnica de existir

está mesmo na voz embargada
domada matéria arisca que pervaga
o tudo e o nada em nós

o fim da tarde faz um céu azul-barateia
malfadadas estão as nuvens que logo desaparecerão no breu
Il mio autore convalesce em meus braços
e se tudo fosse tão lógico como minhas vistas de quase trinta janeiros
o produto de minha semântica inteira se derramaria em meus pés
a me lembrar dos frios que outrora senti

do outro lado da rua (ou da solidão)
fecho as cortinas e finjo desaparecer na luz que me apaga
quando no agora já é hora de temperar fantasia

Um comentário:

Arco-Íris de Frida disse...

"Finjo desaparecer na luz que me apaga"

Tão eu...