quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Nada muito sobre filmes (Parte XXIII)

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Por Germano Xavier


DOMINGUINHOS

O documentário DOMINGUINHOS (2014), dirigido por Mariana Aydar, Eduardo Nazarian e Joaquim Castro, elabora uma narrativa panorâmica do artista pernambucano Dominguinhos, nascido na cidade de Garanhuns no ano de 1941 e falecido em 2013. O ilustre sanfoneiro de Luis Gonzaga também logrou imenso sucesso como cantor e compositor, deixando para o cancioneiro da MPB músicas imortais. A película consegue emocionar sem insistir em rebarbas clichês, tanto no que se refere ao formato do vídeo quanto ao conteúdo exposto. Recomendo a todos os mortais!


O REGRESSO

O REGRESSO (2016), do diretor Alejandro G. Iñarritu, é sim um bom filme, de roteiro bem pontuado, narrativa de impacto e muito bem produzido. Porém, não é a melhor atuação do DiCaprio nem o melhor filme do diretor, como andam dizendo por aí. A tensão atravessa todo o longa, mas o final é morno. Esperava bem mais. Oscar? DiCaprio nem precisa disso, sejamos francos.


BOI NEON

BOI NEON (2016), dirigido por Gabriel Mascaro, conta a história de Iremar, jovem interiorano que lida com gado desde muito cedo, mais precisamente no trato deles em dias de vaquejada, como cocheiro, mas que sonha em ser estilista e trabalhar com moda. O cenário escolhido não poderia ser outro: o agreste pernambucano, pólo têxtil dos maiores do Brasil e local de inegável tradição vaqueira - cenas gravadas em Caruaru-PE e Santa Cruz do Capibaribe-PE são facilmente identificáveis. BOI NEON beira o "filme de arte", com cenas longas, ruptura de paradigmas relacionados a gêneros e clímax desfigurado. Nem o exagerado apelo das cenas de sexo e de nudez conseguem tirar a boniteza-estranheza do filme. Vale o ingresso e não espere um desfecho, adianto. O sonho, bucaneiros, vez ou outra não ganha corpo. O que há, quase sempre, é somente a realidade. Recomendo a todos os mortais!


NOVE CRÔNICAS PARA UM CORAÇÃO AOS BERROS

NOVE CRÔNICAS PARA UM CORAÇÃO AOS BERROS (2013), do diretor Gustavo Galvão, é um drama brasileiro que traz como mote aquele momento de nossas vidas em que pensamos em decidir o rumo dos nossos passos futuros. São nove historietas que se entrelaçam pelo gatilho do caótico instante da mudança, do reacerto vital. Da garota de programa que se cansa da labuta diária à figura do corretor de imóveis falido que almeja o bote final, uma derradeira cartada contra suas mortes cotidianas. Eu achei que faltou criatividade. A narrativa se alonga em arrastos e o filme morre cedo em monotonias e escuros no roteiro. E vocês, bucaneiros, o que me dizem sobre?


ELLIS

ELLIS (2015), de JR, com Robert De Niro no elenco, passeia pelo hospital da Ellis Island Immigrant Hospital, local que serviu de porta de entrada para milhares de pessoas que sonhavam adentrar os Estados Unidos clandestinamente. Nesta mesma ilha, localiza-se a famosa Estátua da Liberdade. De Niro percorre os aposentos do velho hospital revisitando as memórias de algumas das pessoas que por lá passavam, representadas no filme por imagens coladas nas paredes do hospital. O curta explora por demais as vozes da fotografia. O silêncio, na película, vocifera. Recomendo a todos os mortais!


UM ESTRANHO NO NINHO

Em tempos sombrios de mentes alienadas por incontáveis estuários midiático-institucionais lobotômicos, nada mais animador que rever um fantástico filme para nos abalar as entranhas, cujo protagonista representa um personagem-líder de poesia viva no sangue. Em UM ESTRANHO NO NINHO (1976), de Milos Forman, Jack Nicholson vive sob a persona de Randle Patrick McMurphy, que simula insanidade mental para fugir dos compromissos do "mundo real". Depois de alguns conflitos para com as regras sociais, é levado para um hospital psiquiátrico. Lá dentro, promove revoluções em seus colegas internos, ironizando o procedimento ao qual é levado a fazer ao longo de sua permanência no local. Mais um clássico dos anos 70 que não podemos passar sem. Para aprender sobre liberdades. Recomendo a todos os mortais!


AMY

Uma menina linda com dotes vocais impressionantes, um sucesso construído com o tempo, porém quase-imediato, um corpo alimentado por entorpecentes os mais variados, um mundo com-sem significados baseado na celebrização e na espetacularização além-do-humano. O documentário AMY (2015), de Asif Kapadia, revela um pouco do que foram os 27 anos de Amy Winehouse. Restou-me a certeza (há alguma?) de que mataram Amy aos poucos, todos, sem exceção, família, carreira, namorados, mídia, fama, certeza (repito, há alguma?) de que inclusive ela mesma acelerou este processo. Certo também de que uma voz tão singular não se apaga facilmente. A voz (as vozes) de Amy e sua paixão pela música de qualidade se expandem no tempo e no espaço. Recomendo a todos os mortais!


* Imagens: http://www.deviantart.com/art/Cinema-Paradiso-457441127

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