Por Germano Xavier
Cego, espreito tua distância finita.
Percorro as ondas da tua figura
e, abraçado ao espelho da amargura,
silencio minha vontade mais bonita.
Só o vulto de tua chama me acalanta,
e eu, vazio, imagino a fugaz candura
que derramas tu sobre a carne dura
desta cruel insensatez que m'espanta.
Teu retrato, perdido no tempo,
ausente em cada presença ressentida,
surge em mim como a flor no campo,
colorindo a nuvem cinza da vida.
Eu bebo tuas marcas de menina,
e, sem razão, vivifico ilusão mais fina.
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