domingo, 11 de agosto de 2013

Imagética


Por Germano Xavier

Cego, espreito tua distância finita.
Percorro as ondas da tua figura
e, abraçado ao espelho da amargura,
silencio minha vontade mais bonita.

Só o vulto de tua chama me acalanta,
e eu, vazio, imagino a fugaz candura
que derramas tu sobre a carne dura
desta cruel insensatez que m'espanta.

Teu retrato, perdido no tempo,
ausente em cada presença ressentida,
surge em mim como a flor no campo,

colorindo a nuvem cinza da vida.
Eu bebo tuas marcas de menina,
e, sem razão, vivifico ilusão mais fina.

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