quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O sol em orientes

Imagem: Google
Por Germano Xavier

eu tenho aquele segundo
emprestado na ida infinita
num tempo marcado e ríspido
de tua boca larga a me dizer infâmias

tenho aquela imagem
perdida dentro do espelho sujo
na umidade escorregadia dos lavabos
de tuas ancas em dobras de origami

eu tenho aquele largo e insano
corpo de costas a me dar afeto
nas ilhas vazias de nós mesmos
a nos comprometer memórias

eu tenho aquele baque agudo
de nossos nojos alimentícios
fincados e puros
numa metodologia de afundamentos brandos

tenho aquela velha ânsia
em ficar me remontando
quebrando os vasos das flores mortas
e colecionando sementes
uma árvore frondosa espanta toda luz
mas é o verde que sobra
atrás da luminária de sombras derretidas

numa rota nova adentro atalhos obscuros
caminho sem plano e me formo alterado
olho em frente e um rosto me é tirano
e mais só vejo aquilo de que me engano

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