terça-feira, 14 de maio de 2013

Uma peça de flor


Por Germano Xavier

Páramo. Aquela flor textura fônica plantada no jarro. Eu sou aquela flor textura fônica plantada no jarro. Resposta negativa, mãe. Eu gotejo, sou a água. Sou o portentoso marulho a escanhoar fringências. Meu perfilhamento. Se afrouxo zurze-lhe os meus erros. Continuo, então. Não quero morrer da verdade. Pusilânime, pulverizem o meu filho! - para quê tanto rancor? Sujeições foram feitas para serem desobedecidas, mãe. Lembra daquele padreco que se revoltou e viu que igreja é construção do homem? Postigo. Aquele jarro arcabouço feérico dormido sobre a mesa. Eu sou aquele jarro arcabouço feérico dormido sobre a mesa. Resposta negativa, mãe. Eu sou o desprantamento, a obnivolência e o sermício. Sou o que chafurda a ordem vigente apenas com meu sorriso silencioso. Se abarroto, recalcada ficarias? - qual a importância de tanta preocupação... Tarde modorrenta. Todos eles parecem pavorosamente obtusos. No início foi muito reticente e todas as questões tão capciosas. Sobremaneira. Decuriões. Centuriões. Família abastada, que pena falar desbragadamente assim sobre tanta superficialidade. Parelho. Aquela mesa suspensa ar-coração. O que seria de mim sem você? - apenas ou sinceramente aquilo. Beber aos borbotões porque sou um homem à moda antiga e você é artesã. Sou a mesa suspensa ar-coração suspensão supressão pressão bum-bum-bum. Posso explodir. Lavra. Eu queria que você soubesse da estrela que vi ontem no céu. Pensei ter visto vagalumes e era firmamento. A resposta é negativa. Eu sou o chão, demente, pesado, curvo de tanto suportar. Mas posso explodir. E minha aplicação é reformatória.

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