Por Germano Xavier
enquanto seus pais se distanciavam de si mesmos, um para cada carro na garagem da agora desfacelada família, imaginando estarem se tornando livres e abertos à felicidade, sofrendo a dor na alma que dá na gente quando nos sentimos diluídos pela consciência, martina, filha mais velha do recém-separado casal, dava braçadas firmes em direção à pequena viana instalada no mar daquele agosto insosso. a noite era triste em sua lâmpada-lua de luz morgada, o mar era uma dança negra profunda e misteriosa. a menina, ao passo que nadava frente ao desconhecido, tinha para si que o chegar era uma questão de tempo. pensava ininterruptamente na família, na última briga que os pais tiveram depois da festa de aniversário da irmã menor, e no menino de que ela não conseguia gostar. tinha sido dura com ele, agindo com desdém, não lhe incutindo nenhuma esperança no amor, mesmo que ainda pueris os dois. martina era rude quase sempre, não sabia o que fazer com tudo o que estava a lhe acontecer. martina preferia esperar o tempo, para tudo, mas aquele que somente passa e passa levando tudo consigo.
5 comentários:
Crédito da imagem:
"l'air insensible
by ~Odraz"
Deviantart
Quando a gente se enxerga tanto que não consegue ver o mar.
=*
Como diria M. Bandeira: A Baía, a linha do horizonte/ e tudo que vejo é o beco.
A Martina não me é estranha,
"Esperar o tempo,... aquele que passa e passa levando tudo com consigo."
(Ângela Ro Ro: só nos resta viver) - mas podemos mais que simplesmente esperar.
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