sábado, 13 de outubro de 2012

Capote



 Por Germano Xavier

A história de um homem que construiu uma história, que fez reviver um acontecimento, que imortalizou um fato. Talvez estas poucas palavras não sejam suficientes para elucidar o que realmente é retratado no filme que conta a parcela da vida do escritor e jornalista norte-americano Truman Capote, no filme homônimo ao seu primeiro sobrenome. “Capote” é um filme repleto de riquezas, transgressor e cheio de nuances. Um filme cativante, sobre o processo criativo-realista de um escritor, por ora demasiado agonizante, não necessariamente nesta ordem de palavras.

O enredo acontece nos idos do ano de 1959, quando um brutal assassinato em Holcomb, Kansas, choca toda uma população, acostumada com a calmaria e a segurança do lugar. Tocado por aquela notícia, o escritor resolve fazer uma pesquisa e, logo depois, escrever um livro, que o mesmo intitularia de A Sangue Frio (In Cold Blood). Segundo ele próprio, o que seria o marco inicial do romance de não-ficção.

Ao longo da trama, o que se vê é um Truman Capote de ambição inconfundível, predestinado, perseverante, alucinado pelo que faz ou deseja fazer. Um louco em busca de sua loucura interior, que tanto lhe transtornava. Um desconhecido que se amiga com outros desconhecidos, desconhecidos assassinos, desconhecidos sentenciados. A ganância do escritor Truman extrapola a atmosfera profissional e acaba perpetuando por todo o seu existir humano, e é justamente aqui onde o filme se mostra mais perturbador.

Uma mistura de cinema e biografia, o longa-metragem alicia aquele que o assiste, do início ao fim, levando o telespectador à uma imersão na história da construção do clássico jornalístico-literário, revelando o caos vivido por um homem que vai em busca de um ideal, um ideal de revelação da realidade ( ou das realidades).

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"Capote by ~circumsonovates"
Deviantart