sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Leitura inspirada em brevidades



 Por Germano Xavier

que virão as espécies que habitam o negro
olhar a brevidade do teu descanso
e de tuas encomendas
quase sempre artifício e ardil
em teu repouso

quase sempre esta amargura silente
que interroga e que cala
que arde e que cala
que intrata e que cala

este claro tratado antigo de se percorrer
pedaços pequenos de uma abandonada liberdade
sem saber se entanto
seremos
ou se estamos

4 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"Stairways to Paradise by ~SmilesMemories"
Deviantart

Dauri Batisti disse...

voltam-se sobre nossas vísceras antigos apertos de peito, o que se indagou se indaga ainda, as respostas se sobrepõem no horizonte que captura nossos distantes olhares.

Abraço.

Ps.: Então Germano, por onde você anda, o que anda fazendo?

João A. Quadrado disse...

[do ser ou estar, raramente se pode falar em leveza,

mas muitas vezes em insustentabilidade de tantos horizontes e apenas um só por percorrer, e nunca definitivo]

um imenso abraço, Germano

Leonardo B.

luiz gustavo disse...

ciranda


o vôo plumário
da ave-paraíso
sob um céu índigo glabro
onde espumas na neblina
rosáceas luas de cálcio

ver a
lamparina de alumínio
entre irisantes libélulas
ao limiar da primavera
num silêncio de garça

já as nuvens
entre nuvens
plúvias de grafite
cobrem a varanda
de papoulas

ah ! ciranda de libélulas !
noutros ventos alísios
flutua a auriflama
à deriva

entre estrelas de nácar
turvas asas de seda
de um (a)mor cego
nas órbitas fímbrias
do arco-íris
iluminaria
a minha língua

como um colibri
em equilíbrio oscila
no labirinto de lírios
e brincos de princesa

- um cenário à beira-céu -

risos em multilabros
num fragmento de sopro
a soçobrar no vício
em sigilo

nossos dias rudes
sobre a têmpora da tarde
deslizam como um negro cisne
no lago vítreo

a trégua do escar-
céu cristalino de
liras em tramas
sobre um mar de náuseas
neste espelho d’água
que se move
em (re)colhidas
pálpebras

donzelas em flores
como pássaros que se vão
as copas das grandes árvores

em declínio
este sol em brisa
nu sobre as vértebras

ventre trêmulo
em silêncio
do orvalho em meus ossos
de argila

entre lábios
sílabas falésias
se estendem
sobre o mármore

do mar
este mar
nu sobre as vértebras

onde a ave-paraíso (re)
pousa na paisagem
e intriga