quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Rio de alma


Por Germano Xavier


Minha homenagem ao Velho Chico.

Francisco das luas, tu me escutas?
Ouça o som desse teu filho
a gritar o desespero
de quem tem medo do teu fim.

Bate o teu coração? Onde os teus mitos?
Fará de minhas dúvidas andorinhas a voar tua vastidão?

Daqui observo-te inteiro,
teu passar calmo,
tuas lágrimas cristalinas.

Francisco, clareia teus inúmeros oceanos.
Faz redobrar os teus sentidos
sobre os olhares da menina que passa,
que passa...

Venha, Francisco!
Corre o teu percurso que te faz singular
e alaga a cidade das almas.
Divida a beleza de tua volúpia,
pois sei que és justo.

Tenho vontade de içar vela em teu mundo
e ser mais uma criatura a te beber.
Onde te escondes, agora que te maculam?

Tuas feridas consomem o gosto do teu azul
e não mais te enxergam como um deus.

Velho, sabes de tua força!
Faz clarão nas vidas deste povo,
ensina o silêncio profícuo do teu transbordar.
Não seque o hino de tua garganta!

És pai de todos nós,
tão distante e tão perto.
E este destino tão incerto...

Choro águas nordestinas,
e meu choro é como a tristeza do sol.

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