Por Germano Xavier
Minha homenagem ao Velho Chico.
Minha homenagem ao Velho Chico.
Francisco das luas, tu me escutas?
Ouça o som desse teu filho
a gritar o desespero
de quem tem medo do teu fim.
Bate o teu coração? Onde os teus mitos?
Fará de minhas dúvidas andorinhas a voar tua vastidão?
Daqui observo-te inteiro,
teu passar calmo,
tuas lágrimas cristalinas.
Francisco, clareia teus inúmeros oceanos.
Faz redobrar os teus sentidos
sobre os olhares da menina que passa,
que passa...
Venha, Francisco!
Corre o teu percurso que te faz singular
e alaga a cidade das almas.
Divida a beleza de tua volúpia,
pois sei que és justo.
Tenho vontade de içar vela em teu mundo
e ser mais uma criatura a te beber.
Onde te escondes, agora que te maculam?
Tuas feridas consomem o gosto do teu azul
e não mais te enxergam como um deus.
Velho, sabes de tua força!
Faz clarão nas vidas deste povo,
ensina o silêncio profícuo do teu transbordar.
Não seque o hino de tua garganta!
És pai de todos nós,
tão distante e tão perto.
E este destino tão incerto...
Choro águas nordestinas,
e meu choro é como a tristeza do sol.
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