sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Selva de pedra


Por Germano Xavier

Por onde correu o rio,
hoje uma avenida de lágrimas
cobrindo o chão com asfalto
- enorme estrada de lástimas...

Eis aqui a formosura de uma bela árvore!
Amanhã, pobre e infeliz, um poste de desgraças,
iluminando os atos humanos
nas horas que não haveria de ter luz.

Ontem, uma mina de ouro.
Hoje, um túnel de esgoto
transbordando toda a sujeira
dos porcos homens em suas ratoeiras.

Dava pra se ver o horizonte,
o sol se pondo e a noite caindo.
Hoje, horríveis pontes,
o céu cinza, os pássaros chorando...

Onde se tinha cavalos,
hoje um amontoado de carros
dirigidos por indirigíveis,
guiados pela intolerância.

Ontem, vasta flora e fauna.
Sem tédio, a beleza das flores...
Hoje, usina de pragas.
Viadutos e prédios, abrigo das dores.

Muros altos, portões trancados,
luzes e alarmes; mundo de grades.
Tijolos sem vida, blocos de saudade...
apenas uma migalha de liberdade.

Salvador-BA, 30 de agosto de 2002.

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