Por Germano Xavier
Hoje aprendi que a mentira não existe. Aprendi que o mundo é feito de verdades infalíveis e de verdades falíveis. Hoje tenho vinte e cinco anos e um dia de vida. E não tenho nada e tenho quase tudo, porque sempre falta alguma coisa. E, na maioria das vezes, a coisa que falta é sempre a mais importante. Por isso a vida parece estar sempre do nosso lado contrário, indo sem nos levar. A verdade é que a verdade só existe se uma outra verdade é cooptada ou desmerecida por uma verdade mais nova. É o que costumam chamar de Conhecimento. Conhecimento é a morte de uma verdade e o nascimento de uma verdade-feto. E verdades-fetos morrem antes de nascer: é o que chamamos de Progresso. Conhecimento só pode ser novo, não pode ser livro antigo. Hoje eu perguntei se a mentira não existe porque eu queria saber se a realidade não pode ser construída por uma fantasia. Disseram-me que blá-blá-blá é igual a blá-blá-blá. Na verdade, uma das minhas, porque tenho verdades também, quase sempre finjo aceitar ou entender, para não perder a minha cara de doente. Mas, depois do golpe, ataco em revide, sem medo. E vou mentindo minhas verdades, porque mentir é criar uma verdade. E, querendo ou não, verdade é sempre uma verdade. Verdade não é mentira, é verdade. E eu acabo dando uma nova chance às mentiras que não são verdades nas bocas dos assassinos de mentiras. Mas é duro aceitar certas coisas, ainda mais quando se acredita em outros mundos mais bonitos e melhores que este mundo “real”. Eu acredito em tudo, e não acredito em nada. Sou assim, mas tenho dúvidas se sou.
3 comentários:
Gostei do texto, que não sei se entendi bem, ou sequer se era para entender, mas gostei.
Podemos sempre buscar mundos melhores.
Podemos sempre continuar a buscar a verdade, se bem que a verdade de uns não é a verdade dos outros.
Eu procuro uma verdade simples (parece-me). Procuro ser feliz tentando não prejudicar ninguém.
Às vezes consigo, às vezes não...
Um abraço
O que é pior: a mentira, a verdade ou a falsa sinceridade?
Sou eu!
Cheia de dúvidas.
Tenho para mim que a verdade é relativa, assim como tudo é relativo.
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