sábado, 26 de outubro de 2013

A minha pátria

Imagem: Google
Por Germano Xavier

a minha pátria é qualquer coisa de se querer,
um sonho mudo e sem sal,
um algo muito esperado,

e não sei se já foi algum dia outra coisa qualquer
de se querer profundamente.
minha pátria, minha descarada emoção
sem face, mesa cheia de gafanhotos.

a minha pátria é uma lentidão de cabeças,
de pessoas ruins e de pessoas boas.
a minha pátria é uma sanha, uma ira por dentro,
um rumor de melhora, um altiplano pelo avesso.

pátria, mãe desquitada e esquecida,
mãos sem escolhas a fazer,
de valores em ruptura.

a minha pátria é coisa impensada de se ver,
um sono austral e pandemônico,
uma espera em atraso,

um eterno duvidar eterno.
minha pátria, minha foragida razão
sem dito, figura de minh'alma sem encantos.

2 comentários:

Wilson Torres Nanini disse...

essa "espera em atraso" faz da pátria, realmente, um lugar despovoado.

Ótimo poema, meu caro.

Cris Campos disse...

Tristeza e esperança... :))