sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Um Mário maior



 Por Germano Xavier

No dia 20 de setembro do ano de 2005, a UNEB (Universidade do Estado da Bahia) exibiu o documentário sobre a vida de um dos maiores folcloristas deste país: Mário Souto Maior. A exibição ocorreu na Biblioteca Central do Campus III, em Juazeiro-BA. A produção é de três estudantes de jornalismo (Belga Coliobar, Gabriela Belém e Renata Falcão) e faz parte do projeto experimental de conclusão do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP).

O documentário tem como título “Como nasce um cabra da peste” e começa mostrando a cidade onde o folclorista viveu, Bom Jardim, localizada a 110 Km da capital pernambucana. Filho de um comerciante, Manuel Gonçalves Souto Maior, e de uma fazendeira, Maria da Mota Souto Maior, Mário nasceu em 14 de julho de 1920 e teve uma infância comum a qualquer outro menino de sua idade criado no interior. Quando adolescente foi morar em Recife para estudar, pois seu pai acreditava que a instrução era muito importante. Teve uma adolescência solitária e seus únicos companheiros eram os livros, apesar de engajado nos grêmios literários montados por ele e seus amigos do colégio. Já rapaz, conheceu Carmen, com quem se casaria e teria sete filhos, realizando o sonho de constituir uma família.

Atuou como advogado, promotor e professor. Quando retomou o sonho de voltar a escrever seus textos, teve o incentivo de Gilberto Freyre. O documentário ainda traz depoimentos de escritores como Raimundo Carrero e da antropóloga Fátima Quintas, que o define como um grande etnólogo. A produção ainda traz a participação de Carmem e dos filhos Fred e Lis Souto.

Os cerca de 80 livros de Mário Souto Maior edificam e resgatam os costumes e as tradições do povo nordestino. E tratam de temas do cotidiano da vida destas pessoas, como os relacionamentos entre homens e mulheres, o sentido da sogra, o significado dos palavrões, a importância da cachaça, entre outros. Por falar em palavrões, o interessante é que, segundo os parentes e amigos, Mário jamais pronunciou um. Porém lançou o Dicionário Palavrão, impedido de ser publicado pelo golpe militar. No que concerne à cachaça, Mário era um colecionador da iguaria alcoólica. Retratou em quatro livros as diversas histórias da aguardente e não gostava de beber.

A mania de ler e escrever era tão grande, que Mário tinha um escritório no fundo do quintal. Ouvir música e tocar piano foram outras paixões do escritor. Quando muitos afirmavam que o folclore estava morrendo devido às novas tecnologias, chegava a ser categórico ao dizer que todas as ciências foram antecipadas pelo folclore e que o folclore é um "ser imortal". Imprescindível é conhecer a obra desse grande homem e não permitir que sua memória morra. Como disse Mário, “os novos mortos morrem pela segunda vez quando os vivos os esquecem”. O documentário contribui para que isso não aconteça.

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"At Sight by ~caiobuca"
Deviantart