Por Germano Xavier e Inês Guimarães
Zatopek pensou se era mesmo o sol quem amadurecia a areia. E perguntou, era?
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Não costumava ir ali. Sol se pondo, lua crescendo lentamente no céu amarelado. Pensou em não mais sair, os pés afundando na areia molhada. Enxergou dúvidas.
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Quando foi dormir, Zatopek abraçou a lua. E deixou que aquela luz percorresse o quarto. O quarto era só alimento. Não quis fugir e fugiu em pouco tempo depois. O tempo era apenas um quarto.
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O tempo passou apressado deixando portas abertas e esqueceu-se de avisar. Passou apressado, levando partes que não lhe pertenciam. Quis levá-la junto de si e paralizou diante do quadro de lembranças imutáveis. Segundos enterrados na areia molhada, desejou seguir.
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Ficar doía. Era um sentimento de jantar ou dormir. Pensou em noites e noites e foram feitas para parir dias. Zatopek, do nada, virou-se e viu deserto o chão. Deserto a terra, deserto ele. Desertor? Quem fica quando se vai? Quem vai quando fica? Quando finca?
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Já era escuro e os passos caminharam firmes. Deixou o tempo passar, viu-o sumir por entre folhas de uma planta que não soube nomear. Folhas amarelas resplandescendo o medo da escuridão. Não sabia o que dizer, nem tampouco o que pensar. Apenas seguia em sua inércia inebriante.
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