segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Minha língua- sua história



Por Germano Xavier

Do Latim o tronco maior, o busto de ferro.
Não nasceu pronta, na Grande Praça arranjou-se.
Fez casa no Lácio, peninsular língua do mundo.
Guerreada com sangue de soldados, imposta
como lei, jogada ao vento, maltratada,
voz de conquistas e vitórias.

Minha pátria-língua, minha língua-mãe.
Minha língua sem ilhas – oh, primaz Portugal!

De êxitos políticos, gritada por generais,
ameaçada por impérios invasores, língua
quase cortada: língua transportada.
Nos navios mercantes, nas crianças brincantes
que pulavam muros, nos negócios,
norte-sul-leste-oeste...

Minha pátria-língua, minha língua-mãe.
Minha língua sem ilhas – oh, primaz Portugal!

O resmungo da elite, o protesto do povo,
o português-gema, todo o ovo, o poder
das gerações. O império ruiu, mas
fico gravado no coração das gargantas.
Minha profundidade é no outro me encontrar,
pois que não sou um falar simplesmente.

Minha pátria-língua, minha língua-mãe.
Minha língua sem ilhas – oh, primaz Portugal!

Sou daquele que se adapta, fui Visigodo,
fui Árabe... agora sou de quem?
Romance de eras, romanço febril.
Português do meu Brasil, tua roupa suja
lavada no ribeirão, oriunda do Galego,
é também gleba de latifúndio.

Minha pátria-língua, minha língua-mãe.
Minha língua sem ilhas – oh, primaz Portugal!

Diverso partido em unidades,
unidades pastoreando variedades.
Meu escudo contra a morte é
o choro do infante. Não sumo
enquanto houver paz na praça do mundo,
vivo enquanto de pé andar seguro.

Minha pátria-língua, minha língua-mãe.
Minha língua sem ilhas – oh, primaz Portugal!

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