sábado, 29 de outubro de 2011

Retalhos III


 Por Germano Xavier

XXXI

Ontem, enquanto esperávamos pelo ônibus, acabei dando uma aula particular sobre poesia. Não desconfiava ela que eu estava apenas lendo os versos impressos nas páginas carameladas do seu olhar.

XXXII

Todas as minhas vontades me ocorrem silenciosamente, como a atitude das brisas. E de repente: Bummmm!!!

XXXIII

Um baú antigo?
Talvez
tudo o que nele estiver contido,
ou nada.
Sei que não há meio termo entre os homens.
Ou se é ou não é.

XXXIV

Primavera...
O que há de novo sobre a Terra?
Por que as flores colorem a vida?
Quais os motivos?
...
se acaso essas mesmas flores,
silenciosas,
irão ao chão...
Primavera.

XXXV

Amar poeta
C.D.A.
Mágica
Palavra:
Poesia.

XXXVI

Tudo aprendo no silêncio
ensimesmado dos meus muros
de azul. E é sorvendo
calmo o instante de ataque
que fabrico minha mágica de viver.

XXXVII

O que se faz com o verbo
no escuro de uma sala escura
é, no mínimo, muito escuro.

XXXVIII

E ela desenhava
em minha mão
sempre um coraçãozinho.
E me dava aquilo uma tristeza...
Toda vez,
manhãzinha,
olhava eu para a mão
e nada,
e nada do coração.

XXXIX

Nauta
em naufrágio?
Previsto,
esqueci das velas.
Dia sem vento:
vou de medo.

XL

A carteira é arrastada
feito a vida nossa:
é o fogo instantâneo do mundo!

XLI

Amanhã eu vou comprar a minha liberdade!
Eita dia que não chega!

XLII

O som da vida estala
indiferente
à minha espera,
desesperada,
tão inocente,
que mesmo calado,
num quase existir ausente,
sinto um reboar de sons
tão eloqüente
vindo de dentro
deste meu reino tão distante

XLIII

Em pino,
não o sol,
mas o artifício da luz.

XLIV

No poço artesiano de mim mesmo,
eu nem bem sei se me encontrei...
Mas como é bom me sentir todo repartido,
um pouquinho em cada
gotinha de chuva que escorrega
destas terras grandes...

XLV

Um pensamento pousou cor de canário em minha janela.
Cor de canário em minha janela
pousou um pensamento...
Depois bateu suas asinhas,
bateu...
bateu...

Um comentário:

Artes e escritas disse...

Fico contente que você permita comentários. É difícil comentar todos os blogs e eu já pensei em tirar os comentários, mas desisti porque tenho uma vontade imensa de ler e trocar ideias. Os seus poemas estão bons demais! Um abraço, Yayá.