segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O grande truque


 Por Germano Xavier

Sonego o sono da voz e descubro:
minha rouquidão me esconde do que sou
feito, do que faço parte, do que habito.

Minha febre é um aviso: estou farto de tudo
que não me conjuga, verbo avesso
deslocado dos ombros dos ilusionistas.

Minha pouca doença (meu corpo ainda novo,
apesar da alma rodada), abraça o meu ser
diante do que mais sou, do que mais sei,
que é selar colheitas e ser palavra.

No fundo de tudo, escrevo apenas meus sonhos
(pois tenho mais de um). Antes, porém,
faço justiça perante o grande truque:
Valente, encanto os outros de poesia.

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