Por Germano Xavier
um barulho em mim soa
impávido, afoito
se alonga indecente
no fundo do olhar e
no último lampejo meu
antes do golpe terminal,
decisivo.
uma ostentação toante,
sem decoro nem moral,
sufoca-me por ser de base enigma.
na marquise esse ruído não está,
não espera cair para tombar também
sobre ela
e talvez desaparecer?
não apaga, não dorme, não descansa.
(qualquer indício de decrepitude
mistura-se à água suja da chuva
que vem descendo e dobrando todas as esquinas).
e simplesmente, sutilmente, some.
um fragor-tumulto,
um vulto que explode sobre o branco
do papel:
meu ectoplasma?
insiste, ele,
eles todos juntos,
a hecatombe,
a transformação das velhas graças
das velhas caras...
2 comentários:
E quantas tantas vezes
esse barulho ecoa em nossa vida como fosse ela terminar ali mesmo, naquele ponto vivo, naquele ponto adormecido que grita e cala...tantas vezes, tantas...hoje, agora.
Um beijo, Germano!
Melhor não dormir, mesmo.
Bom esta atento.
Gostei do poema !
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