sábado, 6 de outubro de 2012

Poema hilstiniano para manter acesos os lampiões



 Por Germano Xavier

porque o meu sábado é o teu sábado
e depois de tudo nem o vento que vem do norte
nem a água marítima escoada com força no vau
obtusa a esfera do amor que temos em nós como desvelo

mais revelação de vida imposta sobre escombros
porque a queda só nos é dada após o voo insano
já que voar é tanta liberdade por que não

subir subir subir em asas e do alto sorrir em brasa
néctar humo mel fel gosto pois
um cão chamado amor rosna e late e fere e marca
disfarçado neste teu sorriso lindo torto

porque proclamo independência em mim
e a festa só com você pode ser sol com festins
lua no teu sexo amor amor amor um gole mais
um trago a mais o exagero preciso
já que não sonho ser homem sem teu corpo

que esta voz interna aqui no centro me assenta
um derredor cavernoso buraco vago no nada nem
vem cobrir de esforço com teu mando em mim
encontrado em ritual eterno e nunca póstumo
durado no silêncio trepado em nossa bruta espera

4 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"A Zephyr's Tale
by *iNeedChemicalX"
Deviantart

Cris Campos disse...

Quando o voo é livre, intenso e verdadeiro a queda é o que menos importa, aliás qualquer voo só assim o é quando a insanidade dele faz parte. Gr. Bjooo! Adorei mais uma vez teus versos e que versos!

Urbano Gonçalo de Oliveira disse...

Olá Germano!
Vim matar saudades do teu cantinho.
A "voz interna aqui no centro" ...a mim assenta e muito meu amigo.
Gostei do poema, é sempre agradável divagar e descobrir nos pensamentos de outrem, uma qualquer parte de nós.
Abraço, fica bem.

Daniela Delias disse...

Hilda Hilst e lampiões acesos. Uma relação mais que perfeita. Como o teu poema.

Bjo