MACHADO, Anna Rachel. A perspectiva sociointeracionista de Bronckart. In: MEURER, J.L.; BONINI, A.; MOTTA-ROTH, D. (orgs). Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005, p.237-259.
1. INTRODUÇÃO
“[…] defenderei a tese de que, na verdade, não há um conceito de gênero que possamos atribuir de forma isolada a Bronckart”. (p.237)
“[...] defenderei a posição de que o ISD não toma os gêneros de textos como sua unidade de análise privilegiada nem considera que sua análise seja seu objetivo maior.” (p.238)
“Mesmo com diferenças visíveis, esses pesquisadores brasileiros guardam um traço comum: a perspectiva de intervenção na educação, imediata ou prospectivamente.” (p.238)
2. DA DIFICULDADE DE INTERPRETAÇÃO
“A tarefa de interpretação da teoria do ISD é difícil, pois dois tipos de problemas podem levar a interpretações equivocadas: uns que derivam de sua própria especificidade e dos textos de seus autores nucleares e outros que derivam de textos de seus intérpretes.” (p.240)
3. GIROS EM BUSCA DO CONCEITO DE GÊNERO DE TEXTO NO ISD
“[...] buscarei circunscrever o conceito construído pelo ISD, identificando, primeiramente, o que os gêneros de textos não são nessa perspectiva teórica, para, a seguir, buscar caracterizar o que são.” (p.240)
3.1 “GÊNERO DE TEXTO NÃO SE DEFINE: É O QUE EXISTE”
“[...] podemos afirmar que esses trabalhos têm tomado os textos como sua unidade de análise, mas, como veremos posteriormente, essa análise, em si mesma, não era – e não é – seu objetivo maior.” (p.241)
“[...] a definição de gênero de texto subjacente era a de que gênero de texto é aquilo que sabemos que existe nas práticas de linguagem de uma sociedade ou aquilo que seus membros usuais consideram como objetos de suas práticas de linguagem.” (p.242)
3.2 GÊNERO DE TEXTO NÃO É TIPO DE DISCURSO
[...] os tipos de discurso são segmentos de texto ou até mesmo um texto inteiro, que apresentam características próprias em diferentes níveis.” (p.242)
“Atualmente, considera-se que há quatro tipos de discurso básicos: interativo, teórico, relato interativo e narração.” (p.243)
“Devemos observar ainda que os tipos de discurso podem se mesclar, dando lugar a segmentos de texto com características discursivas de dois tipos.” (p.245)
“O máximo que temos é um critério – não exclusivo – para uma classificação de grandes famílias de gêneros de textos, levando em conta o tipo de discurso principal que os caracteriza.” (p.245)
3.3 GÊNERO DE TEXTO NÃO É TIPO DE SEQUÊNCIA
“[...] as sequências se distribuem em seis tipos – dialogal, descritiva, narrativa, explicativa, argumentativa e injuntiva.” (p.246)
“[...] não há possibilidade de definir ou classificar todos os gêneros existentes pelo critério de sequência, dada a constatação de que existem textos vários em que elas não ocorrem, o que nos leva à hipótese de que também há gêneros de textos que não as representam.” (p.248)
3.4 DA UTILIDADE DOS CONCEITOS DE TIPOS DE DISCURSO E TIPOS DE SEQUÊNCIA PARA A CARACTERIZAÇÃO DE GÊNEROS
[...] os gêneros de texto nunca podem ser identificados e definidos apenas com base em suas propriedades linguísticas.” (p.248)
3.5 OS GÊNEROS DE TEXTOS COMO REGULADORES E COMO PRODUTOS DAS ATIVIDADES (SOCIAIS) DE LINGUAGEM
“A primeira distinção conceitual importante para compreender o quadro teórico mais geral do ISD é a que diferencia atividade de ação.” (p.249)
“[...] os gêneros de textos, por serem produtos sócio-históricos, são elementos explicativos da ação da linguagem e que não seriam unidades de estudo próprias da psicologia.” (p.250)
3.6 O GÊNERO COMO FERRAMENTA DA AÇÃO DE LINGUAGEM E A AÇÃO DE LINGUAGEM COMO REFORMULADORA DO GÊNERO
“[...] é pelo acúmulo desses processos individuais que os gêneros se modificam continuamente e assumem um estatuto fundamentalmente dinâmico e histórico.” (p. 251)
4. O MODELO DE ANÁLISE DE TEXTOS E SUA UTILIZAÇÃO
“[...] o modelo que é proposto pelo ISD não é um modelo de análise de gêneros, mas de textos.” (p.252)
4.1 O MODELO DE ANÁLISE DE TEXTOS E AS OPERAÇÕES DE LINGUAGEM
“[...] as operações não se sucedem uma às outras na ordem em que serão apresentadas, mas estão, sim, em interação contínua.” (p.252)
“[...] não podem ser vistos como meras cópias das representações sociais, dada a influência das histórias de vida particulares na sua construção ontogenética.” (p.253)
4.2 EXEMPLO DE APLICAÇÃO DO MODELO DE ANÁLISE
“[...] retomamos a seguir um trabalho por nós desenvolvido sobre o gênero resenha crítica.” (p.255)
5. CONCLUSÕES
“[...] temos tomado como hipótese que textos socialmente considerados como pertencentes a determinado gênero apresentarão algumas características semelhantes, que podem ser atribuídas às restrições genéricas.” (p.258)
“[...] “ensinar gêneros”, na verdade, não significa tomá-los como o objeto real de ensino e aprendizagem, mas como quadros da atividade social em que as ações de linguagem se realizam. O objeto real de ensino e aprendizagem seriam as operações de linguagem necessárias para essas ações, operações essas que, dominadas, constituem as capacidades de linguagem.” (p. 258)
* Imagem: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/a-redacao-requer-uma-boa-revisao.htm
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