Por Germano Xavier
IV
dava era dó ver doró
ressumando o teor da tristeza
na procura pelo infinito
que era ele mesmo
aqueles olhinhos arteiros
de quem sabia tudo de cor
derretendo numa chuviscada de lágrimas
e mais sementes regadas
e sempre mais verde e floresta
e sempre mais sombra e nuvem de escuro
pro menino brincar de imaginar
que no fundo de todas as coisas
há um machado de ouro
com a douradez na face
abrindo enormes clarões no obscuro
inverso era o moreno do mato
o posto oposto
e o absurdo de ser
e só doró
por ele mesmo em lagartixas
voz de nuvem aguada e alva
sorriso celeste em terras
que isso era o que o menino era
rodador de roda gigante
brincador das coisas de dentro
escondedor de pedra e espinho
que nada disso valia a pena
que importante mesmo era virar cambota
abraçar finura do grosso
voar em riso de morto
esse menino era era uma fonte
doró e era
e só
Um comentário:
Germano... Que é isso! Dos seus textos, foi o que mais me... Ai, nem sei mais. Veio-me tudo que eu não esperava. Fiquei como um grande bicho pelo afago duma mão pequenina.
E é lindo, é lin-do!
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