segunda-feira, 21 de março de 2011

Um saculejo esquisito


Por Germano Xavier

o saculejo do sol era um castigo
bola de gude incandescente
rolimã na ladeira o freio no pé
o menino escutava aquilo tudo
facão dourado dividindo a terra
sulcando o barro no enterro do vazio
e o menino escutando aquilo tudo

desde mais infância era desse modo a vida
mijo de deus que não caía
"sem o engraçamento do Grande
cumu nóis véve? sem o verde
das fôia no mato cabeludo
sem pêxe nem ingodo pra mode pegar o dito cujo
e matá nossos caimento de ombro
e matá nossas sede de boca..."

um dião enorme assim se passava
mais de duas estações de livro
"um sofrê de mais de mei de ano"

"doró morenin do mato sem mato num véve!"
fato claro como esse só mesmo
a claridade no olhar daquele povo
debaixo da escuridão do céu pesado
a matutada toda sorrindo
feito gracejo de hiena abestada

porque era deus que ia mijar!
aleluias de améns, améns de aleluia para o Grande!

que era deus que estava mijando!
aleluias de améns, améns de aleluia!

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"Menino_by_joaofred"
Deviantart