quinta-feira, 21 de junho de 2012

Sobre quedas e apogeus (Parte II)


 Por Germano Xavier

Continuação:


Um dos livros didáticos que serviram de base para análise da respectiva produção textual foi o intitulado "História em Movimento", Volume 1, de autoria de Gislaine Campos Azevedo e Reinaldo Seriacopi, da Editora Ática e publicado no ano de 2010. Os capítulos utilizados para averiguação dos resultados foram os respectivos: "Os primeiros séculos de Roma", "A República em crise", "O Império Romano", além de uma parte final chamada de "Fechando a unidade", cujo subtítulo se chama "Direito e Democracia".

Diferentemente do que se apresenta na maioria dos livros didáticos, o período que compreende o ano de 476 no livro não é visto como um marco para o fim da Antiguidade e o início da Idade Média. A abordagem é mais suave com relação a isso. Em primeiro lugar, o ano de 476 é visualizado no livro didático em questão como a data do tombamento do último soberano pertencente ao Ocidente, pois como todos sabem o Império Romano continuou a existir, sem ruptura, mesmo depois desta data.

Talvez, a única diferença plausível e facilmente percebida é a de que sua capital passou a ser a cidade de Constantinopla. Já no século VI d.C., os imperadores de Roma do Oriente perseveraram no ato de governar praticando um modelo semelhante com o feito por Constantino no século IV ou até mesmo dos imperadores de antes do Cristianismo. Justiniano, imperador que governou Roma entre os anos de 527 e 565, basicamente utilizava das mesmas táticas de seus anteriores.

No livro fica muito clara esta percepção. O livro selecionado utiliza-se de várias passagens para elucidar os fatos relacionados ao determinado período histórico. Há sim a utilização de textos de apoio que, com base em discursos de intertextualidade, fazem com que o estudante/aluno/usuário do livro possa enveredar por outros caminhos em busca de um entendimento mais amplificado. Boxes e questionários também fazem com que o leitor se sinta mais informado sobre os acontecimentos a que se destinam os estudos.

Os livros também possuem mapas e algumas imagens que facilitam o andamento do processo de ensino-aprendizagem. Há também dicas de livros e filmes destinadas ao aprofundamento de temas. Quando o texto começa a falar sobre o governo que esteve em voga pelo menos durante metade do antigo Império Romano do Ocidente, já que havia reconquistado regiões como a Itália, o norte da África e o sul da Espanha, o discurso também se mantém um tanto quando interdisciplinar, apontando outras esferas do conhecimento para efetuar a abordagem das temáticas.

Em contrapartida, o livro didático estudado não deixa dúvidas de que o fim do século V d.C. viu à troca do poder romano nas plagas ocidentais pelo de reis que lideravam comandos de exército formulados por grupos da Germânia oriundos de localidades exteriores ao império.

Entrementes, mesmo que o livro não deixe muito claro a não autodenominação dos romanos, grande parte desses monarcas seguiram germinando um governo aos moldes romanos. Entrar no assunto em “declínio” e/ou “queda”, ligando tudo isso à Linguagem e à Filosofia, preconiza ter existido, sim, um auge e/ou uma ascensão, o que porventura pressupõe ter existido um momento mais ou menos de esplendor. A Linguagem, neste caso, impõe-se como uma ferramenta imprescindível ao entendimento do todo, assim como a Filosofia, que ajuda na amplificação e na potencialização das dúvidas que farão das incertezas elementos menos problemáticos. Por fim, o uso de tais instrumentos e ciências serve para indiciar a ideia de auge e, também, a de ascensão, até porque nem tudo é como se pensa que é.

Algumas das referências presenciadas nos capítulos que embasaram a realização desta análise são:

FINLEY, Moses I. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988.
CORASSIN, Maria Luiza. A reforma agrária na Roma Antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988.

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

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