Por Germano Xavier
De uma mulher pode nascer uma doutrina
sacra. Pode reunir o feminino do corpo
de uma deusa todo o sagrado
e todo o absoluto estudo sobre os ritmos.
A mulher está suspensa na perspectiva dos quadros.
A mulher escorrega no bronze
e seu óleo frutifica curvações de fuso.
A mulher é a sombra da mulher,
caminha com o sol, adormece com a lua.
A mulher é o obelisco selvagem preso a nada.
Debruçada em si mesma, saqueia a paisagem
e planta a mão sedenta com o leite do peito.
A mulher deitada na praça é a própria encarnação do céu.
Unidas, fazem um carrossel de instintos.
Em dança, burlam a música opaca dos ventos
ou rogam fatalismos sobre o destino.
Toda mulher impõe uma fé arbitrária.
Toda mulher é um banho de nus e um calvário.
O próprio contratempo.
O torto tempo em ensaio de horas já torcidas.
A mulher invade o colo da natureza e instala
o tormento, os engenhos de soma, o distúrbio dos segredos.
De uma mulher pode sair a parte espiritual do homem.
Suspendido o seio, a mulher atira à brisa sua veste pérfida
de veneno – ou meiguice.
Protetora dos jardins, criadora de mantras e magias,
berço mitológico dos pecados de incêndio.
Religião de aberturas, condição de músculo dos ingressos vitais.
Toda mulher é uma conduta para abismos,
e dela pode, na qualidade dos imediatismos,
botar sutis sentimentos em breviários de arte e de estado.
Um comentário:
Crédito da imagem:
"musa impassivel by ~rolnei"
Deviantart
Postar um comentário