Por Germano Xavier
embeber minha voz congruente
(que voz é a minha voz?)
e retirar, com desdém, de dentro
de um meu algum dentro
um Tempo-Cupido flertado com a vida
- se bem vos não quereis ouvir
qual mesmo bem-aventurança,
a do grito?
para quê serve minha voz alargada em estreitezas
que não produz manifesto algum senão o de amar
a escuta?
voz-madrugada é a minha voz-lustre
dentro de você que é tenda.
sou um corcel perdido na vazão de um deserto
que, ao contrário de mim,
teme, esquece, estima, e morre.
(que voz é a minha voz?)
diabo enganado,
achado trocado,
soldado desarmado
lançado em minha escuridão...
4 comentários:
Tem tantas vozes dentro de cada um. A questão é: será que interpreto essas vozes da forma correta? Será que meu coração errante consegue decifrar o timbre dessas vozes? Nada é eterno, nem mesmo as vozes. O tempo, aquele velho tolo, as vezes cala as "vozes veludas vozes" e tudo o que ouço é barulho, tormento, "tic-tac", serra elétrica. Poema profundo, como sempre, menino Germano!
"...volúpias dos violões vozes veladas...vulcanizadas." Voz que encharca o deserto, seca a boca, mesmo em silêncio, que na ausência é presente. Larva que lambe a terra do nascer ao pôr do sol. Vocifera no branco do papel e se distingue de todas as vozes, quando ama.
O melhor das vozes são os preliminares sussurros no pé do ouvido...
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