domingo, 30 de janeiro de 2011

#1



Por Germano Xavier

A menina era sem nome,
mas na idade dela nome isto era uma coisa pouca
demais. Valia mais um punhado de pirilampos
acordados de noite ou de dia, luzindo.

Eu mesmo, olhando-a daqui,
resolvi chamá-la de Beatriz -
não me pergunte o porquê.

Penso que Beatriz fora à praça quando a tarde
emudecia. Fora com o seu avô,
de mãos dadas, quase calada. Andarilhando,

apercebeu-se das graudezas miúdas
que só nas floragens inocentes existem.
Por isso veio ela dobrando a esquina,
assim com as mãozinhas no bolso,
como quem esconde um tesouro.

Era Beatriz querendo guardar para si
um tantinho do Tempo-Camaleão.

3 comentários:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"lithograph1
by ~kayhankaan"
Deviantart

CARLA STOPA disse...

Bela a sua Beatriz...Como a de Dante.

Cristine Lima disse...

Olá,
Gostei muito do seu blog e este post está muito lindo... linda Beatriz!
Gostaria de convidá-lo para ver o meu lá no www.almadasestacoesestacoesdaalma.blogspot.com
Comentários são muito bem vindos.