Por Germano Xavier
I
você guardou
minhas palavras antigas
mas se esqueceu que palavras
são caixotes
sem fundo
(quando presas no tempo)
II
sem cautério,
minha língua é lâmina
toda lâmina recorda um
profundo
e todo fundo
é um espelho que agoniza
III
a única beleza tranqüila
que em mim persiste
é o ouro do riso fácil
que não aprendi manusear
IV
tua dança argêntea
sem rebuços
tua banda bunda munda
tudo e tanto muda
porque nem sempre
é preciso valsar palavras
V
Que me dás?
Dá-me.
Que medas
em me dar,
ou me dor?
VI
onde o eco se refrata
onde o corte há tornado
a flama
anima o fogo em fuga
a hora
escande o verso que penetra
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Crédito da imagem:
":iconbilhete:
hesitar by ~bilhete"
DEviantart
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