segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Bilhetes para desalegrias



Por Germano Xavier

I

você guardou
minhas palavras antigas
mas se esqueceu que palavras
são caixotes
sem fundo
(quando presas no tempo)


II

sem cautério,
minha língua é lâmina
toda lâmina recorda um
profundo
e todo fundo
é um espelho que agoniza


III

a única beleza tranqüila
que em mim persiste
é o ouro do riso fácil
que não aprendi manusear


IV

tua dança argêntea
sem rebuços
tua banda bunda munda
tudo e tanto muda
porque nem sempre
é preciso valsar palavras


V

Que me dás?
Dá-me.
Que medas
em me dar,
ou me dor?


VI

onde o eco se refrata
onde o corte há tornado
a flama
anima o fogo em fuga
a hora
escande o verso que penetra

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

":iconbilhete:
hesitar by ~bilhete"
DEviantart