Por Germano Xavier
Para Cristhien Lélis e Renato Solon,
amigos compositores de estradinhas de quintal...
Para Cristhien Lélis e Renato Solon,
amigos compositores de estradinhas de quintal...
#1
uma vez um duende de jardim
extrapolou seus limites
e invadiu o quintal lá de casa.
escorado na pitangueira,
não ficou muito, veio
só me alertar
sobre a periculosidade artística
das formigas de poda.
#2
lá em casa é assim:
de um lado, portas atravancam
entradas, feito fortaleza.
do outro,
sapos linguarudos, jacarés e joaninhas
de gesso impressionam olhares
desavisados.
tudo e todos protegendo o quintal
dos exterminadores de vastidões...
#3
eu me recordo bem
dos três pés que haviam...
quando derrubaram a mangueira do meio,
percebi que a morte era um poente ensolarado.
#4
pegue caixinhas de fósforo
e com água molhe o barro vermelho.
entupa as caixinhas com a terra
e deixe ao sol para secar.
no outro dia,
feliz e com sorriso curioso,
retire das fôrmas de papel
os tijolinhos de construção:
após dez ou quinze anos,
você verá que as ruínas da infância
não se apagam com os temporais.
#5
estradinhas feitas com cacos de telha,
joelhos roxos de tanto rastejar
curvas, retas, paradas, estações...
por que aquela velha noção
de que os caminhos mais surpreendentes
eram os mais distantes?
2 comentários:
Crédito da imagem:
"Quintal by ~bonomatos"
Deviantart
É de ler e sentir inveja. Tantos andam capengando pra escrever um verso e você trabalha veloz e profundo tirando da terra e da infância coisas que muitos não sabem dizer.
Eu te bendigo.
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