Por Germano Xavier
#6
sem quintal,
uma casa agride infâncias.
#7
Zé Vicente um dia veio com um presente
dentro do bocapil,
e por muito tempo aquele galo
reinou soberano
no fundo do quintal.
robusto,
encandecidamente de rubras penas,
com esporas que lhe atrapalhavam o andar
de tão grandes e curvadas,
era ele, sempre
e incansavelmente,
quem descortinava as manhãs.
#8
certo dia,
brincando de polícia-e-ladrão
com o meu irmão,
e escondido em cima da mangueira,
meu tio pensou que era um coleirinha.
(resultado: despencou da árvore
e deslocou o calcanhar, ou seja, ladrão preso.)
#9
tem aranhas-de-terra
despistadeiras de chuva,
tem abelhas em mangas pousadas em queda,
gatos passeando sobre os muros,
tralhas encostadas e ferrugens vivas,
passarinhos peregrinos de algodão,
tem brabuletas feitas de seda,
vespas na areia de construção,
bichinhos que não sei o nome
e que gostam de andar em nossos braços...
tem até o Sr. Redemuin
que faz uma bagunça danada (de boa)
quando a gente teima em barrer as (in)purezas quintálicas...
#10
quando estiver num quintal
alheio e o dono da casa
perder de vista,
jamais ouse assuntar em si
meninices não curtidas.
3 comentários:
Crédito da imagem:
"passarinho no quintal by ~jcraice"
Deviantart
Essa sua mente preciosa em simplicidade me encanta, porque canta tudo o que eu sinto em poesia.
Minha sempre admiração.
um quê de manoel de barros...
"sem quintal
uma casa agride infâncias"
é muito lindo.
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