Por Germano Xavier
“Nem penitência nem decência agora”.
(John Donne)
“Nem penitência nem decência agora”.
(John Donne)
Eu não sou um que sabe do negro ou do vermelho
grão ou do pavão misterioso nem da típica forma
poética que conquista ou absorve o clássico, a adaptação.
Discuto sobre fenômenos e a música nunca me tocou tanto
como agora. Minha infância deixada no quarto branco em Ransgral,
cama, umbral, prateleiras, guarda-roupa, cobertor... me faz esquecer
que devo esquecer de alguma coisa. O quarto branco
em Ransgral.
Perderam-se de mim minhas vítimas enfadonhas, redutos de tudo.
Hoje escorrego e atuo herdando do passado um futuro que atormenta
mais que as fomes.
- Ela não se aquietava. Ligava sempre e se fazia de lesa.
Ela cometia crimes de lesa-pátria.
Me atiçava me recebendo de seda no portão de madeira que dava pra nossa escola. Jogávamos toda tarde.
Percebi, no entanto, que era hora de perder.
Perder é uma forma de dar sentido à vida.
Ser sempre o vitorioso nos envaidece demais e
cigarro mata menos.
Tenho vontade de gritar, mas o vizinho existe.
A existência do vizinho é uma chama misteriosa.
Não quero adiantar nada neste meu caminho,
nada que me elabore mais dúvidas
nem dívidas.
Esta minha curta biografia está espalhada pelo chão.
Sou a poeira de todo a forma in-expressionista.
Aconteço primeiro dentro, depois fora.
Ciclo.
Água rica em sol e sombra.
Esta minha curta biografia perde-se em você, neste exato momento.
E nada pode importar mais.
Estou almejando férias de uma vida por viver,
ainda.
Ainda que me custe todo um projeto humano de poesia.
Um comentário:
Crédito da imagem:
"e s c a p e e by ~nilgunkara"
Deviantart
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