quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Palavras distraídas sobre Vygotsky

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Por Germano Xavier


Talvez a principal revelação da teoria de Vygotsky é, sem dúvida, a ideia de que o desenvolvimento/progresso cognitivo do ser-aluno acontece justamente através da interação social. É necessário que haja o relacionamento do ente-aprendente com o meio que o cerca para que ele possa adquirir conhecimento real.

O ser-infante, como efeito da troca mútua de experiências e ideias (interação), vê-se promotor de novos conhecimentos. Por ser uma experiência social, a criança é símbolo-parte do meio que a constrói, também. Diante deste entendimento, subentende-se que suas investigações diárias serão seus saberes, que poderão ser compartilhados e reprogramados para o desígnio de geração de outros novos saberes.

O pensamento, morada dos signos, é o campo de passagem para a linguagem, que é o elemento basal que impulsiona o desenvolvimento cognitivo. A aprendizagem se solidifica oriunda desta união, sem a qual não é concretizada. Por ser parte da experienciação social, sendo para isso mediada por instrumento os mais variados, pensamento e linguagem formam o arcabouço que sustenta o caminho de desenvolvimento humano que, a posteriori, vingará em ação.

Ângulo 1 (Compreensão da relação geral entre o aprendizado e o desenvolvimento) e Ângulo 2 (Peculiaridades dessa relação no período escolar). Vygotsky indica acreditar que há já conquistas efetivadas no ser antes mesmo de ele entrar para uma instituição de ensino, mas também deixa claro que a partir de seu ingresso neste novo ambiente, novos elementos de aprendizado lhe são introduzidos em prol de seu desenvolvimento.

Daí surgem os conceitos de NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO REAL e NÍVEL DE DESENVOLVIMENTO POTENCIAL. Real é o conhecimento que a criança tem, Potencial é o conhecimento que ela pode desenvolver e a Zona de Desenvolvimento Proximal é o que está entre um e outro, é quando a criança está prestes a atingir um novo conhecimento, que nada mais é que a junção tempo-situacional daquilo que a criança é capaz de fazer sozinho com aquilo que ela só faria com auxílio de outrem.

Com o apoio da teoria de Vygotsky, a escola começa a ser revalorizada, há a percepção de que ensino de qualidade é aquele que se antepõe ao desenvolvimento propriamente dito, o fator alteridade é aceito como ponto de construção basal de conhecimentos, o papel da imitação é visto como relevante em toda a estrutura geradora de saberes e, indubitavelmente, a necessidade de olhar para a escola hoje e compreender que mudar faz-se de urgente necessidade.

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