quarta-feira, 4 de maio de 2011

Algarobando


Por Germano Xavier

IX


Doró vivia por querer almar
todas as coisas do mundo
e ver brotos de sabenças
nas outridões que lhe chegavam

como era lindo saber-se assim
assaz sábio em bonanças e farturas
de miudezas realmente imensas
que sucumbiam dos lugares de mais limo

é que lá em Pastinho o segredo andava em vagens
e era sempre preciso encerar o bucho das coisas
pra ver nascer a glauqueza das esperanças
lá ia armado com arma branca de unha de calangar
em tocas que "armas outra num era referênça"
amolava o osso dos dedos no seixo queimante
de sol nos seus modos de rapidez de natureza
e balançava algaroba no cio pra pegar "vage mardura"
depois na posse da douradeza de escândalos bons
era "iscuiê bicho ou coisa malaumada zunhá vage
virge e mardura cum uma só zunhada abrí peito
sem istóra pra encerá o oro das lonjuras
de dentro no cerne das farsa sorrisada
só assim o mundo era mió
só assim"

esfregava tanto a vagem em suco
que a parte chegava a empretecer de ficar sombrosa
estranho isso não era pois servia de resultado
se desse modo se terminava tava almado e bem
agora se empós a operação de Doró
persistisse na carne da vagem uma alvura de amarelos
o mais estudioso que se tinha de fazer
era era se " iscafedê pros mato discaminhado
pois que o cassaco divia era era de sê dos grandes"

não tinha outro jeito
a salvação era "si iscafedê"

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"Menino_by_joaofred"
Deviantart