Por Germano Xavier
estão diante de nós
os outros, o outro - avante,
adiante a légua escorrida da visão -,
adiante!, pois estão diante de nós
os outros, o outro, o que habita a treva
clara dos espelhos,
a nuvem alva das exatidões.
eles,
ele,
a carne sem carne,
o humano avesso,
desumano rosto
de besta, de fera, de nu.
no imóvel gesto e no feito
e no dito, sido quem quis ou improviso,
o olho aborda a criatura estranha,
entranha e o sangue possivelmente azul...
por estar ali
o outro é ele mesmo e não nós,
coloridos segredos apenas, saídas
quedas e retornos
onde
no vagido depurado o retrocesso de ser?
me diz o meu poema o equitável homem comum?
indecide minha vida contraética a falta suprida
por inusuais acintes?
- pai, quem é este no espelho na manhã de sanha,
tão idefectível, abnegado, ubíquo? pai, quem é este
tão impossível?
os outros e ele,
eles, nossos problemas pregressos,
translados, nossas demonstrações inassimiláveis, estes
nossos pontos de inflexão doentia,
de paradeiro.
estão diante de nós,
armados de sombra, de fumaça, vertiginosas miragens
obstruídas pelo fantasma da matéria
viva, da ruína sentida, desta tão nossa
e tão outra
incompreendida lida
(vida)...
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Crédito da imagem:
"In search alter ego. III by *anelowy"
Deviantart
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