sexta-feira, 20 de abril de 2012

Cutucando o bucho das coisas


Por Germano Xavier

VII


forte das pernas lá ia doró
do mesmo modo ensimesmado
a cutucar o bucho das coisas
a roer as unhas das lerdezas

adiantava não o milagre de Vozinha-Mãe
nem chá dos verdes pra calmaria
que o mundo ele rodava brincando
fazia dele era era uma bola de pano
e dava de bicuda
e dava de bandinha
que o que é na gente sempre volta
pros outros em rodopios
e bom se fosse em rodopios de bola
e de bola de pano suja de lama
poesia de meninice aguda
e eterna

que assim é que era bom
"sabê dus mundão de cada um
das puisia desenredadas
das puisia de semente
que de nóis as fruta se amoldura
e lambuza boca de doce
e só assim nóis véve
só assim"

eita Grandeza que esse menino era uma fonte!

parava não de chutar o que coisava ele
batia forte com o pé e com jeito
que tudo tem o seu jeito
e na sua manha sabida pontapeava num tiro
a pança do mundo e saía espoletado
feito um relâmpago o moreninho do mato
num caminho descaminhado que só ele sabia
que só ele sabia

Um comentário:

Germano Viana Xavier disse...

Crédito da imagem:

"Menino_by_joaofred"
Deviantart