Por Germano Xavier
Manhã de muita chuva numa capital. Lá fora os carros estão parados na principal avenida de um dos bairros mais emblemáticos da cidade. Minha mãe precisou fazer uns exames, alguns de rotina, outros não. Viemos em três, pai também. Cidade grande só para passear mesmo, isso ultimamente. A chuva é muito forte, repito. Mas chegamos, o moço no saguão informa o andar certo. Muita gente esperando o elevador certo para o destino certo. O nosso demorou. Os outros vinham cheios e voltavam mais cheios ainda. O mundo está ficando cheio demais, pensei. Todos os elevadores tinham uma pessoa para comandar o apertar dos botões dentro de seus respectivos cubículos. O sujeito passa o dia todo subindo e descendo, preso dentro de um quadrado minúsculo, sofrendo aqueles solavancos esquisitos que os elevadores nos pregam. Um cara desses deve morrer mais cedo por conta de algum problema craniano, sei lá. Mas o nosso chegou, entramos. Principalmente subimos. Sala 1147. A mesma rotina de sempre a das clínicas de saúde. Sentei, esperei. Principalmente esperei. Pronto. Fim do suplício. Quase hora do almoço. Saímos os três, passos para o setor dos elevadores, décimo primeiro andar. Objetivo: pisar em terra firme outra vez. Uma mulher vestida com um fardamento vermelho cantarola lendo uma pequena revista. Toco o botão verde avisando à máquina que precisamos dela aqui no andar onde estamos. A mulher cantarola ao nosso lado. Ela é uma mulher que trabalha em um dos elevadores, todo mundo podia facilmente suspeitar. A espera leva mais de 20 minutos. A mulher cantarola por mais de 20 minutos. Eu fico abismado olhando aquela mulher que trabalha de guia de elevador e que veste uma farda vermelha e que lê uma pequena revista cantarolando sem parar. Isso é um absurdo, penso na hora, em plena hora do almoço? O sinal apaga, o elevador chega, nós entramos, a mulher permaneceu lá fora esperando o elevador de trabalho dela. Olhei a mim mesmo no espelho do interior do cubículo metálico de fabricação alemã. Meu rosto ainda era um rosto abismado. Apertei o T.
Manhã de muita chuva numa capital. Lá fora os carros estão parados na principal avenida de um dos bairros mais emblemáticos da cidade. Minha mãe precisou fazer uns exames, alguns de rotina, outros não. Viemos em três, pai também. Cidade grande só para passear mesmo, isso ultimamente. A chuva é muito forte, repito. Mas chegamos, o moço no saguão informa o andar certo. Muita gente esperando o elevador certo para o destino certo. O nosso demorou. Os outros vinham cheios e voltavam mais cheios ainda. O mundo está ficando cheio demais, pensei. Todos os elevadores tinham uma pessoa para comandar o apertar dos botões dentro de seus respectivos cubículos. O sujeito passa o dia todo subindo e descendo, preso dentro de um quadrado minúsculo, sofrendo aqueles solavancos esquisitos que os elevadores nos pregam. Um cara desses deve morrer mais cedo por conta de algum problema craniano, sei lá. Mas o nosso chegou, entramos. Principalmente subimos. Sala 1147. A mesma rotina de sempre a das clínicas de saúde. Sentei, esperei. Principalmente esperei. Pronto. Fim do suplício. Quase hora do almoço. Saímos os três, passos para o setor dos elevadores, décimo primeiro andar. Objetivo: pisar em terra firme outra vez. Uma mulher vestida com um fardamento vermelho cantarola lendo uma pequena revista. Toco o botão verde avisando à máquina que precisamos dela aqui no andar onde estamos. A mulher cantarola ao nosso lado. Ela é uma mulher que trabalha em um dos elevadores, todo mundo podia facilmente suspeitar. A espera leva mais de 20 minutos. A mulher cantarola por mais de 20 minutos. Eu fico abismado olhando aquela mulher que trabalha de guia de elevador e que veste uma farda vermelha e que lê uma pequena revista cantarolando sem parar. Isso é um absurdo, penso na hora, em plena hora do almoço? O sinal apaga, o elevador chega, nós entramos, a mulher permaneceu lá fora esperando o elevador de trabalho dela. Olhei a mim mesmo no espelho do interior do cubículo metálico de fabricação alemã. Meu rosto ainda era um rosto abismado. Apertei o T.
3 comentários:
Eu também fico pensando como deve ser ruim trabalhar o dia todo dentro de um elevador... Na minha percepção é algo angustiante, um trabalho que eu não conseguiria fazer jamais.
Meu pai conta que já trabalhou nisso quando era menino e os elevadores eram aqueles modelos que parecem umas gaiolas, rssss. Ele morria de medo, claro, mas tinha que ir trabalhar, rssss.
Pelo menos esta senhora de vermelho mantém o bom humor de alguma forma. Tem que manter, Germano, senão ela não consegue entrar lá de novo, pra ficar lá o dia todo por mais um dia, rssss, não é mesmo?
Abraço de poesia!
Os dias mudaram muito a tanto tempo que as vezes não pensamos no trabalho dos outros, a não ser quando o vemos realmente. Ai percebemos como um palavra de cargo simples pode ser tão complicada.
Beijos Amanda.
Muito perspicaz amigo Germano!
Foi até divertido ler. Sabes aprecio este tipo de situações tal como tu.
Tenho até um post sobre este mesmo tema ( a ver "Crónica de uma tarde mal passada")
Abraço, fica bem.
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